Documento indica suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo o ex-mandatário e familiares
Ex-presidente Jair Bolsonaro em casa, em Brasília, durante prisão domiciliar determinada pelo STF 14/08/2025 REUTERS/Adriano Machado (Foto: Reuters)
Um relatório da Polícia Federal, com base em informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), aponta que Jair Bolsonaro (PL) movimentou R$ 30 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as transações foram classificadas como atípicas e levantam indícios de “lavagem de dinheiro e outros ilícitos”.
De acordo com a análise da PF, a maior parte das operações financeiras foi direcionada a pagamentos de honorários advocatícios e aplicações em títulos como CDB e RDB. Dois escritórios de advocacia que defendem o ex-presidente receberam, juntos, R$ 6,6 milhões. Além disso, mais de 50% dos débitos correspondem a investimentos em renda fixa, que somaram R$ 18,3 milhões.
Ainda conforme a reportagem, o relatório também registra que, entre dezembro de 2024 e junho de 2025, Bolsonaro movimentou mais R$ 22 milhões. Nesse período, ele transferiu R$ 2,1 milhões ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros R$ 2 milhões à esposa, Michelle Bolsonaro. Para a PF, os repasses ao filho foram usados para financiar atividades contra o governo brasileiro nos Estados Unidos, enquanto a transferência para a ex-primeira-dama teria como objetivo prevenir bloqueios em suas contas.
A investigação integra o inquérito que apura tentativa de obstrução de julgamento da ação penal sobre o golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse processo, Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro já foram formalmente indiciados pela PF.
Segundo o relatório, Michelle Bolsonaro recebeu R$ 2,9 milhões entre setembro de 2023 e agosto de 2024, e gastou R$ 3,3 milhões no mesmo período. Parte relevante dos valores, cerca de R$ 1,9 milhão, veio da empresa MPB Business, da qual é sócia.
No caso de Eduardo Bolsonaro, as transações consideradas atípicas incluem os R$ 2,1 milhões transferidos por seu pai e uma operação de câmbio de R$ 1,6 milhão. Já Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, registrou R$ 4,8 milhões em créditos no período de setembro de 2023 a agosto de 2024.
Entre os valores recebidos por Carlos, destaca-se o pagamento de R$ 700 mil feito pelo empresário Mario Pimenta de Oliveira Filho. Ele confirmou à reportagem que o montante corresponde à compra de um apartamento na Tijuca, no Rio, que pertencia ao filho do ex-mandatário. Segundo o empresário, a aquisição foi feita para acolher uma familiar doente e só descobriu que o imóvel era de Carlos no momento da assinatura em cartório.
“Não sabia que era dele. Pela documentação, vi que pertencia a ele desde 2003, salvo engano. Não sou do ramo da política, sou comerciante”, declarou Oliveira Filho, que atua no setor de oficinas de automóveis e já colocou o apartamento novamente à venda.
A defesa do ex-mandatário ainda não se pronunciou sobre as novas conclusões do relatório da Polícia Federal.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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