
O padre Bento, da cidade de Nova Veneza (SC), virou alvo de ataques nas redes sociais após defender, durante uma missa, o fim da jornada de trabalho conhecida como “escala 6×1” — seis dias trabalhados para um de descanso. Em seu sermão, o sacerdote questionou a desigualdade nas condições de trabalho no Brasil e fez duras críticas aos privilégios de parlamentares, destacando a incoerência entre a carga horária dos trabalhadores comuns e a rotina dos congressistas.
“Os parlamentares que estão lá não trabalham seis por um. A maioria trabalha três por quatro”, disse o padre, fazendo referência aos dias que deputados e senadores passam em Brasília. Ele também mencionou os altos salários e benefícios pagos aos representantes eleitos, contrastando com os direitos básicos ainda negados a grande parte da população trabalhadora.
Durante a pregação, o padre Bento também abordou a desigualdade salarial entre homens e mulheres, denunciando o fato de parlamentares — inclusive deputadas — terem votado contra projetos de equiparação salarial de gênero. “Tem uma que é idolatrada por essas bandas. Votou contra. Devia receber menos que os outros deputados”, afirmou, sem citar nomes, mas deixando clara sua crítica a uma figura política local de expressão conservadora.
A fala do religioso viralizou nas redes sociais e gerou reações intensas, especialmente de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Diversos usuários bolsonaristas passaram a criticar o padre por “politizar” a missa, acusando-o de fazer “ativismo de esquerda”. Em resposta, lideranças políticas e movimentos sociais manifestaram apoio ao padre Bento.
Um dos que se manifestaram foi o vereador de Florianópolis, Afrânio Boppré, que escreveu no X (antigo Twitter): “TODO APOIO! O padre está completamente certo e tem a minha solidariedade. O fim da escala 6×1 é uma questão de justiça social!”. A defesa do sacerdote ganhou força entre setores progressistas e religiosos que atuam na defesa de direitos trabalhistas.
A polêmica reacende o debate sobre o papel social da Igreja e o direito de seus líderes religiosos abordarem questões políticas e sociais em suas falas públicas. Para o padre Bento, sua homilia teve como base o princípio da dignidade humana e da justiça. “Na luz da palavra, ela ilumina toda a realidade”, afirmou ao encerrar seu sermão.
Fonte: DCM
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