
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado, mais uma vez recorreu aos temas religiosos nesta quinta-feira (17), ao participar de uma sessão especial em homenagem ao pastor Gedelti Gueiros, fundador da Igreja Cristã Maranata.
O evento foi comandado por Magno Malta (PL-ES), um dos principais aliados de Bolsonaro no Congresso, e virou cenário para um espetáculo de vitimização pública, com direito a lágrimas e apelos por orações.
Bolsonaro pediu apoio espiritual aos presentes. “Eu acredito em Deus. Peço orações a vocês”, disse, chorando, enquanto tentava criar um clima de comoção entre os senadores e religiosos presentes. O ex-presidente buscou associar sua condição de investigado na Justiça a uma perseguição política e espiritual, estratégia recorrente entre líderes da extrema direita.
Em tom messiânico, Bolsonaro afirmou que o Brasil estaria próximo de se tornar “a terra prometida do Ocidente”, mas sugeriu que “alguns poucos nos atrapalham”. O ex-presidente, porém, evitou citar nomes ou identificar quem seriam esses supostos inimigos, mantendo o discurso genérico que costuma mobilizar sua base evangélica e ultraconservadora.
A homenagem a Gedelti Gueiros foi utilizada como pano de fundo para reforçar o alinhamento entre religião, política e a defesa do próprio Bolsonaro, que enfrenta investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação na trama golpista revelada pela Polícia Federal. As declarações no Senado ocorrem em meio à crescente pressão judicial sobre o ex-presidente.
Veja o momento do choro:
Estratégia política familiar para 2026
Mais cedo, em coletiva no Congresso, Bolsonaro confirmou a pré-candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ao Senado pelo Distrito Federal nas eleições de 2026. Com sua inelegibilidade até 2030, o ex-presidente articula um plano para manter influência por meio de familiares e aliados.
“Temos interesse enorme nas eleições para o Senado para equilibrar os poderes”, declarou, mencionando também a possível candidatura do filho Carlos Bolsonaro por Santa Catarina – onde, segundo ele, pesquisas o colocam em primeiro lugar. A estratégia inclui ainda a reeleição do senador Flávio Bolsonaro (RJ) e candidaturas de aliados como Bruno Scheidt (RO), Gilson Machado (PE) e Capitão Alberto (AM).
Sobre o processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que o julga por suposta tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro adotou um tom incomumente resignado: “Vou enfrentar o julgamento, não tenho alternativa”. O parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, com 517 páginas, pede sua condenação por crimes como liderança de organização criminosa e tentativa de golpe.
O ex-presidente também defendeu anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023: “Se estivesse no Brasil naquela data, teria sido buscado em casa como troféu”.
Sobre o filho Eduardo Bolsonaro, que permanece nos EUA, o ex-presidente foi enfático: “É mais útil lá do que aqui”, alertando que o retorno ao Brasil poderia resultar em prisão imediata devido a inquéritos sobre suposta interferência contra autoridades brasileiras.
Bolsonaro ainda reiterou sua disposição para negociar com Donald Trump a revogação das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros: “Eu estou em condições, se o Lula me der meu passaporte, eu negocio com o Trump”. No entanto, a decisão sobre a devolução do documento – retido desde 2023 – cabe exclusivamente ao STF.
Fonte: DCM
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