sábado, 12 de julho de 2025

“Prisão preventiva de Eduardo Bolsonaro é necessária e urgente", diz Lindbergh

Líder do PT aponta “apito de cachorro” na postagem do deputado que convoca guerra contra Alexandre de Moraes

   Eduardo Bolsonaro (no círculo) e Lindbergh Farias (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara I Agência Câmara)

“O discurso de Eduardo Bolsonaro é fantasmagórico: evoca sangue, vingança, forças ocultas, ameaças existenciais. É o velho teatro da extrema-direita, que precisa de inimigos imaginários para justificar sua ânsia por confronto. Mas palavras assim não pairam no ar — elas matam.” Foi com essas palavras que o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) reagiu neste sábado (12) à postagem incendiária de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em que o filho do ex-presidente convoca seus apoiadores para uma cruzada contra o Supremo Tribunal Federal.

A manifestação de Lindbergh, publicada nas redes sociais, exige providências imediatas. “A prisão preventiva é não só cabível — é necessária e urgente. O Brasil não tem medo e não aceita ameaças da família Bolsonaro”, escreveu o parlamentar.

☆ “Apito de cachorro” e linguagem cifrada da ruptura

Para Lindbergh, a retórica de Eduardo Bolsonaro ultrapassa os limites da liberdade de expressão e configura incitação codificada à violência política. “Trata-se de um clássico caso de dog whistle fascism — ou ‘apito de cachorro’. À maioria soa como exagero retórico, mas os radicais ouvem um chamado à ação. O tom é ambicioso, apocalíptico e revanchista: tudo o que antecede rupturas violentas. Não é discurso político. É ameaça codificada, lançada com cálculo e propósito”, afirmou.

O deputado petista indagou ainda: “Quando Eduardo fala em ‘sangue’, está falando do quê? De derramamento contra pessoas? E ‘vingança’ contra quem? O STF? A democracia? O povo brasileiro que não se ajoelha?”

☆ Eduardo convoca “guerra santa” e promete “vingança”

Na postagem que provocou a reação de Lindbergh, Eduardo Bolsonaro, que se encontra nos Estados Unidos, afirma ter feito um “compromisso com Deus” para lutar contra o que chama de “regime sanguinário”. Em tom messiânico e quase delirante, declarou: “Se não salvarmos o Brasil, ao menos o vingaremos! Que Deus nos proteja.”

O deputado bolsonarista voltou a evocar a retórica de “presos políticos”, pedindo a soltura de golpistas condenados pelo 8 de janeiro. “Chegou a hora verdadeira, que separará os homens dos covardes. Só há um acordo possível: a soltura de todos os presos políticos, o fim de toda perseguição e a saída do mais desprezível tirano que já passou por nossa república, Alexandre de Moraes”, escreveu, atacando diretamente o ministro do Supremo.

☆ “O Brasil não será refém de golpistas reincidentes”, diz Lindbergh

Em sua análise, Lindbergh vê semelhanças claras entre o atual discurso de Eduardo e as mensagens cifradas que antecederam o 8 de janeiro. “O apelo é messiânico, quase suicidário: que deem suas vidas, que derramem sangue, que se insurjam para conquistar a anistia do clã Bolsonaro. A linguagem é cifrada, como foi na véspera do 8 de janeiro — com nova promessa de ‘Festa da Selma’, novos códigos para um mesmo projeto golpista”, afirmou.

Segundo o parlamentar, o país não pode permitir a reincidência de ataques à democracia. “O nosso país não será refém de golpistas reincidentes nem de traidores da Pátria que insuflam a desordem e o caos. Quem articula com estrangeiros, agride o STF, prejudica a economia e chantageia a nação para garantir a impunidade do pai não pode circular em liberdade”, declarou.

☆ Risco jurídico e desdobramentos

A nova escalada verbal de Eduardo Bolsonaro ocorre no momento em que o Supremo Tribunal Federal avança em investigações sobre a tentativa de golpe de Estado de 2023. Alexandre de Moraes é relator dos inquéritos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, o próprio Eduardo e diversos aliados. A postura do deputado, ainda que protegido por foro privilegiado, pode gerar consequências jurídicas, especialmente se for enquadrada como apologia ao crime ou incitação à violência.

Lindbergh encerrou sua manifestação com um aviso direto: “O Brasil não tem medo. E não aceita ameaças da família Bolsonaro”.

Fonte: Brasil 247

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