sexta-feira, 18 de julho de 2025

Moro resolve sair em defesa de Bolsonaro e faz comparação com Lula

Para o ex-juiz suspeito, o STF abriu um “precedente perigoso” ao restringir o direito de manifestação do ex-mandatário, réu no inquérito do plano golpista

      Sergio Moro (Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado)

Blog do Esmael - O senador Sergio Moro (União-PR), ex-ministro da Justiça e pré-candidato ao governo do Paraná em 2026, criticou duramente a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que impôs o uso de tornozeleira eletrônica e restrições judiciais ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo o veto ao uso de redes sociais e a proibição de manter contato com outros investigados.

As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. Segundo a decisão, Bolsonaro estaria tentando obstruir a Justiça e influenciar depoimentos de outros réus, o que justificaria a adoção de medidas cautelares severas. Além da tornozeleira, o ex-presidente está proibido de se ausentar do Distrito Federal, falar publicamente sobre o caso e interagir em plataformas digitais, direta ou indiretamente.

Ao comentar o caso, Moro traçou um paralelo com o processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato e afirmou que, mesmo quando condenado, Lula nunca teve cerceado seu direito de se manifestar publicamente.

“O Lula nunca foi proibido de se manifestar publicamente ou dar entrevista, ao se posicionar em rede social antes do julgamento, do caso Lava Jato. Nem por mim, nem pelo TRF, nem por qualquer corte”, argumentou o ex-juiz da Lava Jato.

Na avaliação de Moro, o STF abriu um “precedente perigoso” ao restringir o direito de manifestação de Bolsonaro antes de uma condenação definitiva. Segundo ele, “a forma como a pessoa se manifesta não pode ser controlada pelo Estado”.

Além da crítica jurídica, o senador também fez um alerta político e econômico, relacionando o episódio às recentes tensões diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos. Para Moro, a escalada de conflitos, como as tarifas anunciadas pelo governo Trump contra produtos brasileiros, exige um diálogo mais firme por parte do governo Lula.

“Temos que sentar com firmeza, com altivez, com o governo norte-americano, para evitar que essas tarifas se concretizem. Nossas economias, inclusive a do Paraná, vão ser atingidas, e tudo tem que ser feito para que isso não ocorra.”

Moro enfatizou que não se trata de defender Bolsonaro, mas de garantir que qualquer cidadão, acusado ou não, tenha preservados os direitos fundamentais, como a liberdade de expressão.

“Nos assuntos internos de justiça, é uma questão nossa ser trabalhada. Mas nós não podemos concordar com essa restrição aos direitos de manifestação, do Bolsonaro ou de qualquer acusado.”

A fala de Sergio Moro ocorre num momento crítico da cena política brasileira, em que o STF endurece medidas contra o ex-presidente Bolsonaro e seus aliados, enquanto o governo Lula enfrenta a crise tarifária com os Estados Unidos. Ao se posicionar, o ex-juiz sinaliza uma tentativa de reafirmar protagonismo político tanto no campo jurídico quanto eleitoral, mirando o Palácio Iguaçu.

Bolsonaro sofreu as restrições do STF sob a suspeita de continuar articulando, com apoio do governo Donald Trump, ações que comprometem a economia e a soberania nacional. Segundo os autos, as sobretaxas de até 50% sobre produtos brasileiros seriam parte de uma retaliação política e econômica, utilizada como forma de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal. A estratégia, segundo a Corte, seria uma tentativa de intimidar os ministros e condicionar o andamento do julgamento por tentativa de golpe de Estado a interesses externos, sob pena de prejuízos diretos ao povo brasileiro.

Fonte: Brasil 247

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