Ministro explica como valores subsidiados, muito abaixo dos praticados pelo mercado, incentivam produção de alimentos da cesta básica e orgânicos
O novo Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026 foi anunciado com a promessa de transformar o acesso ao crédito rural no país. Um dos principais destaques é a oferta de juros negativos — taxa de até 2% ao ano, abaixo da inflação, para incentivar a produção de alimentos essenciais, orgânicos e agroecológicos. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (1º) pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, durante o programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
“Esses 2% de juros é um juro negativo. São 2% ao ano. Ele não corrige nem a inflação. É um juro para estimular a agricultura orgânica”, afirmou o ministro, destacando o papel estratégico do crédito para impulsionar a produção sustentável.
No lançamento oficial do plano, realizado na segunda-feira (30) no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também reforçou o caráter inédito das condições oferecidas: “É importante lembrar que uma taxa de juros a 3% ao ano em um país com inflação de 5% significa -2%. É menos que juros zero. E isso está permeando toda a agricultura familiar. É importante que a gente aprenda a falar essas coisas para as pessoas se darem conta de que os nossos bancos estão fazendo aquilo que historicamente não se fazia nesse país”.
Ao todo, o governo federal vai destinar R$ 89 bilhões ao setor, com foco na ampliação do crédito, incentivo à produção de alimentos da cesta básica e fortalecimento da agricultura sustentável. Produtos como arroz, feijão, leite, frutas e mandioca poderão ser financiados com juros de 3% ao ano. Já para produção orgânica ou em sistemas agroecológicos, a taxa cai para 2% ao ano.
De acordo com o governo, essa estratégia — já adotada em planos anteriores — tem contribuído para aumentar o número de financiamentos, ampliar a renda no campo e garantir preços mais acessíveis à população.
Outro foco do plano são os investimentos em florestas produtivas, como estratégia de recuperação de áreas degradadas com espécies de valor econômico. “Queremos recuperar áreas degradadas com reflorestamento, com espécies produtivas que dão resultado econômico a esse agricultor”, afirmou Teixeira.
O ministro citou como exemplo uma visita recente a um produtor em Belém (PA). “Eu vi um agricultor que tem dois hectares e produz dez espécies: cupuaçu, açaí, cacau, andiroba, baunilha... e está feliz porque vê o resultado se converter em renda. A cada mês ele tem uma cultura diferente, e são culturas que estão tendo muito valor de mercado”, relatou.
“O que o Plano Safra propõe, que é um juro de 3% para quem for produzir florestas produtivas, é um juro subsidiado. Aumentou muito o financiamento de açaí, cacau, cupuaçu e de sistemas agroflorestais”, completou.
Teixeira também destacou a centralidade das mulheres nas políticas do ministério. “Temos uma política para as mulheres no ministério e, no crédito, aumentamos em 36,8% o volume para as mulheres. As contratações subiram 33% e aí as mulheres têm crédito mais barato”, afirmou.
Um exemplo é o Novo Pronaf B Quintais Produtivos, que oferece microcrédito de até R$ 20 mil com juros de apenas 0,5% ao ano e bônus de adimplência de até 40%.
“Os quintais produtivos são aquelas produções de pequena área, às vezes meio hectare, e ali você pode produzir 15 a 20 diferentes culturas que servem para a alimentação da família e para a venda, seja para o Programa Nacional de Alimentação Escolar, para o Programa de Aquisição de Alimentos e até para o mercado”, explicou.
Teixeira destacou ainda o potencial de geração de renda desses espaços: “A renda num quintal produtivo pode chegar a cinco mil reais. Mas as políticas vão para além do financiamento. Vão para a assistência técnica. Lançamos um edital para as mulheres, principalmente para esses quintais produtivos, que estamos implementando. O tema das mulheres tem centralidade nas nossas políticas. Elas estão assumindo um papel relevante na agricultura brasileira”, concluiu.
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário