sexta-feira, 11 de julho de 2025

Com tarifaço ao Brasil, Trump "matou" a anistia aos golpistas, avaliam deputados bolsonaristas

Parlamentares avaliam que a guerra comercial dos EUA inviabiliza a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023, incluindo Bolsonaro

      Manifestações contra a anistia (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Lideranças partidárias da Câmara dos Deputados avaliam que a ofensiva tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil enfraqueceu drasticamente qualquer possibilidade de avanço no Congresso em relação ao projeto de anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — entre eles, Jair Bolsonaro (PL), que deve ser condenado em breve.

Na visão de deputados ouvidos por Igor Gadelha, do Metrópoles, seria politicamente inviável o Parlamento brasileiro aprovar uma medida considerada uma exigência de uma potência estrangeira, num momento em que o governo norte-americano impõe barreiras comerciais e amplia a tensão entre os países. O chamado “tarifaço”, que impõe alíquota de 50% sobre produtos brasileiros, é visto como uma manobra de pressão externa para interferir nas decisões judiciais internas do Brasil.

Mesmo com as articulações conduzidas pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para construir um texto de consenso junto ao bolsonarismo sobre a anistia, o avanço da pauta se tornou improvável. A retaliação comercial de Trump minou o ambiente político e ampliou a resistência dentro do Congresso.

A anistia ampla, geral e irrestrita — como tem sido defendida por aliados de Bolsonaro — passou a ser associada a uma tentativa de barganha com um governo estrangeiro. Nesse contexto, qualquer tramitação do tema, neste momento, traria enorme desgaste político.

Em uma carta assinada em conjunto com o comentarista Paulo Figueiredo, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tenta vincular diretamente a suspensão das tarifas por parte de Trump à aprovação da anistia no Congresso Nacional. O documento pede uma “saída institucional” para restaurar o que chamam de liberdades civis e convoca o Parlamento a agir com urgência:

“Apelamos para que as autoridades brasileiras evitem escalar o conflito e adotem uma saída institucional que restaure as liberdades. Cabe ao Congresso liderar esse processo, começando com uma anistia ampla, geral e irrestrita, seguida de uma nova legislação que garanta a liberdade de expressão — especialmente on-line — e a responsabilização dos agentes públicos que abusaram do poder”, diz a carta.

O gesto foi visto por congressistas como uma tentativa explícita de condicionamento político inaceitável, sobretudo diante do contexto de crise comercial e diplomática. A leitura predominante é de que o efeito prático da carta foi exatamente o oposto do desejado: Trump "matou" a anistia.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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