Além do impasse político, questões como habitação e imigração dominaram a campanha
Outdoor da AD - Coligação PSD/CDS, antes das eleições antecipadas em Lisboa, Portugal, 5 de maio de 2025 (Foto: REUTERS/Pedro Nunes)
(Reuters) – Os eleitores portugueses foram às urnas neste domingo para a terceira eleição parlamentar em três anos, mas muitos se preparam para mais incertezas, já que o pleito dificilmente resultará em um governo estável.
A votação foi convocada apenas um ano após o início do mandato do governo minoritário de centro-direita, depois que o primeiro-ministro Luís Montenegro não conseguiu obter a confiança do Parlamento em março — em uma votação proposta por ele mesmo após a oposição questionar sua integridade devido a negócios da consultoria de sua família.
Montenegro negou qualquer irregularidade, e a maioria das pesquisas de opinião indicou que os eleitores rejeitam as críticas da oposição.
As seções eleitorais abriram das 8h às 19h (horário local), com as primeiras projeções de boca de urna previstas para às 20h.
Além do impasse político, questões como habitação e imigração dominaram a campanha. A eleição acontece após uma década de governos frágeis em Portugal — apenas um deles obteve maioria parlamentar e mesmo assim caiu antes de concluir o mandato, no ano passado.
Pesquisas indicam que a Aliança Democrática (AD) de Montenegro deve obter o maior número de votos e conquistar mais cadeiras do que nas eleições de março de 2024, mas ainda assim sem maioria absoluta.
“Não podemos ter eleições todos os anos”, disse Diogo Lima, bancário de 26 anos. Segundo ele, a AD deveria ser deixada para governar, mesmo que não vença por larga margem.
Do lado de fora da seção onde Montenegro votou, na cidade de Espinho, no norte, Irene Medeiros, de 77 anos, afirmou que “o melhor candidato deve vencer”, mas demonstrou receio de mais incertezas no futuro.
Apesar dos impasses políticos, Portugal superou a maioria dos países da União Europeia em crescimento econômico, alcançou superávits orçamentários e reduziu sua dívida sob governos tanto de centro-esquerda quanto de centro-direita.
Contudo, mais instabilidade pode atrasar projetos importantes, como a mineração de lítio no norte do país, e comprometer a privatização da companhia aérea TAP, que já enfrenta sucessivos adiamentos.
‘ÚNICA DÚVIDA’
Logo após votar, Montenegro disse a jornalistas estar confiante na possibilidade de alcançar estabilidade. “Há uma busca por uma solução estável, mas agora isso depende da escolha das pessoas”, afirmou.
O Partido Socialista (PS), rival histórico da AD, aparecia com cerca de 26% nas intenções de voto, atrás da AD com mais de 32%, segundo o agregador de pesquisas da Rádio Renascença.
Segundo o cientista político António Costa Pinto, o novo Parlamento provavelmente se parecerá com o anterior, e é impossível prever quanto tempo o próximo governo durará, já que isso dependerá de fatores que vão desde a conjuntura internacional até a capacidade da AD de firmar acordos com outros partidos.
“A única dúvida é se a AD formará um novo governo minoritário... ou se fará uma coligação pós-eleitoral com a Iniciativa Liberal (IL), mesmo que essa coligação não garanta maioria absoluta”, afirmou ele, referindo-se ao partido liberal pró-mercado, que aparece em quarto lugar nas pesquisas.
Apesar de afinidades ideológicas com a AD, os números da IL não devem ser suficientes para alcançar os 116 assentos necessários à maioria no Parlamento de 230 cadeiras — o que exigiria ao menos 42% dos votos.
A participação eleitoral costuma ser baixa em Portugal, e alguns analistas políticos temem que o comparecimento este ano seja ainda menor, devido ao cansaço eleitoral.
O partido de extrema direita Chega, com o qual Montenegro se recusa a fazer acordos, aparece em terceiro lugar com cerca de 18%, número semelhante ao do ano passado. Contudo, problemas de saúde de última hora do líder do partido, André Ventura, podem afetar o resultado.
Após ser internado duas vezes na última semana por espasmo esofágico, Ventura fez uma aparição surpresa no evento final de sua campanha, na sexta-feira.
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário