Parlamentares da base do governo acreditam que presidente da Câmara busca se reaproximar do bolsonarismo e manter compromisso com o Centrão
Integrantes da base governista no Congresso Nacional enxergam a reação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), ao Supremo Tribunal Federal (STF), no caso de Alexandre Ramagem (PL-RJ), como parte de um "jogo político", conforme apuração da CNN Brasil. Por outro lado, a oposição celebra o gesto do parlamentar, que vislumbra a possibilidade de novas alianças políticas.
De acordo com parlamentares da base do governo, Motta teria aproveitado a situação envolvendo Ramagem para tentar reatar laços com o bolsonarismo, grupo com o qual ele vinha se distanciando nas últimas semanas. Entre as atitudes que contrariaram os bolsonaristas, destaca-se a demora em avançar com a análise de projetos como a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de EStado de 8 de janeiro e a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as fraudes no INSS.
O embate com o STF também se insere no compromisso de Motta, assumido durante sua campanha, de defender as prerrogativas do Legislativo. De acordo com a avaliação de governistas, a movimentação do presidente da Câmara foi cuidadosamente orquestrada para reforçar essa postura diante dos deputados, especialmente aqueles alinhados com o Centrão, grupo que tem garantido seu respaldo no comando da Casa.
O apoio de líderes do Centrão foi determinante para a ação, e até mesmo representantes de partidos com ministérios no governo Lula votaram a favor de Ramagem. Dos 315 votos favoráveis à decisão, 197 são de deputados que integram a base aliada, o que representa cerca de 63% do total.
No entanto, antes mesmo da oficialização do recurso, tanto Hugo Motta quanto opositores do governo já previam que as chances de sucesso do pedido seriam mínimas, dado o entendimento do STF sobre a soberania das decisões das Turmas. O Supremo entende que não caberia recurso ao plenário em casos dessa natureza.
Na noite de terça-feira (13), seguindo orientação de Motta, a Mesa Diretora da Câmara recorreu da decisão da Primeira Turma do STF, buscando a manutenção da decisão do plenário da Câmara que havia suspendido a ação penal contra Ramagem. A decisão da Primeira Turma do Supremo havia deliberou que Ramagem não responderia pelos crimes de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, mas os processos relacionados à tentativa de golpe de Estado e à organização criminosa seguem em andamento.
Em seu pronunciamento sobre o recurso, Hugo Motta afirmou que espera que os votos dos 315 deputados que se manifestaram a favor da suspensão da ação penal sejam respeitados, reiterando que a harmonia entre os Poderes ocorre quando todos "usam o mesmo diapasão e estão na mesma sintonia".
Fonte: Brasil 247 com CNN Brasil
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