Deputada federal bolsonarista foi condenada a 10 anos de prisão, além da perda do mandato, por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça
A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) se pronunciou nesta quinta-feira (15) sobre sua condenação a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que, além da pena, também determinou a perda de seu mandato. Zambelli afirmou que não sobreviveria na prisão e reforçou que não há provas contra ela e que a palavra final sobre sua situação deve vir da Câmara dos Deputados. "Eu estou pegando vários relatórios dos meus médicos e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia", disse a bolsonarista, de acordo com a Rádio Itatiaia.
A Primeira Turma do STF considerou Zambelli culpada por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, já havia votado pela condenação na semana passada, acompanhado pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. O voto de Luiz Fux, dado na última quarta-feira (14), completou o placar de 5 a 0 a favor da condenação. Apesar da decisão, cabe recurso, e a deputada ainda pode recorrer da sentença no STF, com as penas sendo aplicadas apenas após o trânsito em julgado do processo.
Segundo a Folha de S. Paulo, Zambelli, que nega todas as acusações, alegou ser vítima de perseguição política. "Seria muita burrice e não colocaria mandado em risco por uma brincadeira sem graça", disse, referindo-se à acusação de que teria planejado e liderado a invasão do sistema do CNJ com a ajuda do hacker Walter Delgatti Neto, também condenado no caso. O objetivo da invasão seria a emissão de alvarás de soltura falsos, criando confusão no Judiciário.
A parlamentar também criticou as versões contraditórias de Delgatti, afirmando que o hacker muda seu depoimento a cada nova fala. "A própria Polícia Federal nomeia ele [Delgatti] como um mitômano", disse Zambelli, referindo-se às diversas versões apresentadas pelo hacker sobre quem estaria envolvido nas ações. Ela defendeu Jair Bolsonaro (PL), alegando que o ex-mandatário não tem nenhuma relação com o caso. "Jair Messias Bolsonaro não tem nenhuma relação com esse caso, até porque eu não tenho nenhuma relação com esse caso", afirmou Zambelli.
Sobre o relacionamento com Bolsonaro, a deputada revelou que, apesar de a família do ex-presidente ter procurado ela, não há mais contato entre eles desde a condenação. "Não me sinto abandonada, porque não esperava ser acolhida. Na minha situação não esperava ser acolhida", declarou.
O caso começou a ganhar notoriedade em janeiro de 2023, quando Delgatti conseguiu invadir o sistema do CNJ e inseriu três alvarás de soltura falsos, além de um mandado de detenção preventiva falso contra Alexandre de Moraes. Em depoimento à Polícia Federal, Delgatti confirmou sua participação e sua relação com o bolsonarismo. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a investigação revelou que Delgatti tinha ligações financeiras com pessoas próximas a Zambelli, incluindo repasses de R$ 13,5 mil, o que, para a PGR, indicaria pagamento por serviços contra o CNJ.
Além disso, Zambelli já havia sido condenada em março pelo STF a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, mas o julgamento foi suspenso devido a um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques. Em janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) também havia decidido cassar o mandato da deputada por desinformação eleitoral durante as eleições de 2022, embora os efeitos da decisão só se tornem válidos após o esgotamento dos recursos.
O caso de Zambelli tem sido debatido no Congresso Nacional, com parlamentares discutindo uma possível retaliação ao Judiciário, em meio à disputa envolvendo o STF e a Câmara dos Deputados sobre o processo contra o deputado bolsonarista Alexandre Ramagem (PL-RJ) por seu suposto envolvimento na trama golpista.
Fonte: Brasil 247 com informações da Rádio Itatiaia e do jornal Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário